Estação lamacenta
no sêmen da real flor
de entender se em si

Pensei em nomear esse livro de Réia Régya, pretendia que no “y” do régya desenhasse uma flor da vitória régia que tanto me fascina por sua autenticidade, mas o título escolhido é de contemplação da própria palavra, transcende o objeto da significação, porém retorna do supralunar até a planta algumas vezes. Réia Régia é uma síntese, porque este título costura metaforicamente com as partes e o conjunto do enredo desta obra. 
Réia, deusa defendida em alguns historiadores de veneração por Sócrates é uma hipótese da acusação que levou a triste pena de morte do filósofo, essa divindade supostamente adorada pelo marco da história da Filosofia combina em suas características de origem com o mito indígena da Vitória Régia, então imaginei os principais elementos relacionados à simbologia lunar nas duas culturas.

A lua no rio
hospeda um sapo
avessado

Pousa o inseto
na língua do sapo
espinhorento

 
A folha da vitória régia que é em imagem-semelhança da lua, carrega os princípios físicos e abstratos do pensamento que se tem de natureza, a plana cama é em avesso o colchão de espinhos, a lua cheia que conforta, cria pavor quando oculta A flor da vitória régia ao longo do dia modifica as cores em reflexo de conceitos fundamentados na filosofia das cores, aparentando com os processos de nascimento, crescimento, florescimento, morte e renascimento da história das coisas.
O nome deste livro carrega demasiada carga de espírito que estar presente na essência de coisas em que vivi, do povo que me formou a ver o mundo entre a poesia e o pensar em unidade.
Se eu fosse de outra parte do mundo, esse livro se traduziria por, Blaue Blume. Porque a flor de que falo não é nenhuma flor, mas é alguma flor qualquer existente, que cause tristeza em algum lugar solitário e tome as palavras como sagradas.

Darlon Silva